Caso Clínico - Paralisia Facial


Hoje aproveito o blog para partilhar um caso que me deixou particularmente feliz; todos os casos de sucesso deixam um profissional de saúde feliz, é por eles que vivemos e trabalhamos todos os dias, para poder ajudar o paciente, mas este caso foi especial de várias formas.

Primeiro tratava-se de um caso complicado, a paciente desenvolveu paralisia facial como consequência de tiroidectomia, por neoplasia, com esvaziamento cervical, tratava-se portanto de uma paciente que estava a sair de uma luta difícil o que tornava a pressão de a querer ajudar ainda maior; além disto tratava-se ainda de uma paciente que fez questão de dizer na primeira consulta que não acreditava na acupuntura, que tinha vindo à consulta por pressão de “crentes” e por desespero de causa.

Após análise do caso verificou-se que a paciente tinha o movimento do lado esquerdo da cara completamente afectado, tinha dificuldade em abrir completamente o olho e apresentava assimetria na boca com dificuldade de abertura, além disto apresentava também perda significativa de sensibilidade e sensação de dormência em todo o lado esquerdo da cara sendo esta perda de sensibilidade particularmente notória na orelha, face e pescoço, por fim a paciente apresentava também dores fortes no ombro esquerdo.
Analisando o caso segundo a óptica da MTC a paciente apresentava sinais de vento bem como sinais claros de frio e deficiência de Qi.

No tratamento inicial segui uma abordagem multidisciplinar, recorrendo à craniopuntura de Zhu, YNSA e também acupuntura do Mestre Tung.

Após colocação e estimulação das agulhas a paciente registou que sentia formigueiro na face “como se a sensibilidade estivesse a voltar”, o olho esquerdo recuperou 100% da sua mobilidade durante os primeiros minutos da consulta, a assimetria do lábio deixou de ser notória em repouso, surgia apenas quando a paciente sorria ou abria a boca, a sensibilidade da face voltou bem como a da orelha, a dor no ombro reduziu de 8/10 para 2/10. A paciente saiu da primeira sessão convertida à acupuntura e animadíssima com os resultados.

Ao longo das 3 sessões seguintes mantivemos a mesma abordagem tendo a assimetria dos lábios desaparecido completamente excepto quando a paciente abria a boca na amplitude máxima, a sensibilidade da face e orelha voltaram completamente sendo apenas o pescoço (zona da incisão cirúrgica) que mantinha perdas acentuadas de sensibilidade.

Nesta fase foi acrescentada também a técnica de craniopuntura chinesa Shun Fa, e a paciente continuou a ser seguida por um total de 8 sessões (frequência semanal), mantendo também acompanhamento com fisioterapia.

No final da 8ª sessão a paciente não apresentava qualquer assimetria facial, ou perda de sensibilidade ao nível do rosto, tinha recuperado grande parte da sensibilidade da zona do pescoço e notado uma redução drástica nas dores do ombro.

Como disse no início deste texto dar alta a esta paciente foi um dos momentos mais felizes e de maior realização profissional que senti uma vez que pude fazer a diferença na vida de alguém que tanto precisava e ao mesmo tempo convencer uma céptica das capacidades da acupuntura.

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