Ajuda à distância

A todos os leitores que nos acompanham habitualmente queria endereçar uma palavra de conforto e de esperança.

Aos que estão em confinamento social, agradecer-vos pelo vosso esforço, sacrifício e sentido de responsabilidade, pelo cumprimento deste pesado dever cívico. Aqueles que continuam  na linha da frente,quer no combate activo à pandemia,quer no assegurar de bens essenciais à nossa sobrevivência,o meu maior obrigada e um enorme bem-hajam.

Minha publicação de hoje,vai no sentido de partilhar com os meus pares,todos  os especialistas de Medicina Chinesa ( profissionais de saúde arrestados em casa, cumprindo o difícil dever de encerrar portas da clínica, evitando tornarem-se vectores de contaminação) e também aos leitores/pacientes uma palavra de ânimo e de esperança,perante a possibilidade de mesmo à distância podermos ajudar.

Não quero roubar-vos muito do vosso tempo, por isso focar-me na história que vos quero contar...estes dias têm sido divididos em tratamentos às minhas pessoas da casa (5 pacientes muito assíduos e felizes com a atenção que têm recebido),bem como na orientação e aconselhamento dos muitos pacientes que vão solicitando ajuda ou esclarecimento de alguma dúvida, outros há que ligam apenas à busca de uma voz serena ou de um par de ouvidos onde entregar suas preocupações e medos.

Num desses telefonemas, surge então um pedido de socorro para uma consulta urgente, depois de, mais uma vez, explicar que não posso abrir excepções  a paciente lá explicou que estava há dois dias de cama com dor, sem poder trabalhar(esta paciente é sócia numa horticultura e é sempre,mas particularmente nesta altura, um elemento importante para garantir o fornecimento de bens de primeira necessidade) A paciente,de 41 anos, descrevia a dor consistente com uma lombociatalgia à esquerda. Foram-lhe solicitadas fotos a ambos pavilhões auriculares e da língua, e que estas me fossem enviadas para eu as poder analisar.

Após análise das imagens a paciente foi inquirida acerca de sinais de dispepsia e/ou halitose, os quais foram confirmados, enviei-lhe as fotos com alguns pontos coloridos assinalados, com a instrução de que deveria ser usado um cotonete e pesquisado zonas de maior sensibilidade e em cada uma delas colocada uma semente.

Neste ponto importa ressalvar que esta paciente já me acompanha há alguns anos e tem sempre,cedido por mim,um blister com algumas sementes para situações emergenciais. No entanto, a minha morada já foi distribuída a alguns dos meus pacientes e foram deixadas sementes na minha caixa de correio para eles poderem vir levantar.

Passado alguns minutos foi me enviado um emoji junto a esta foto:

 No dia a seguir entrou esta foto, acho seguro dizer que foi eficaz a intervenção.Julgo que há imagens que valem mil palavras.
A nossa ação à distância fica mais difícil, mas ainda assim se formos criativos podemos continuar a cuidar dos nossos pacientes.
Protejam-se, mantenham-se em segurança, vamos atravessar isto.
Até breve