Sangrias

A importância da segurança na aplicação de técnicas de Medicina Chinesa é muito grande. A importância da obtenção de formação adequada para cada técnica é enorme! Há muita coisa que não dá para aprender a fazer num fim de semana, num dia, nem mesmo online... Nomeadamente a profissão de especialista em medicina chinesa!

Em praticamente todas as áreas profissionais é mais perigoso aquele que diz que sabe fazer e faz mal feito do que aquele que não sabe fazer e não faz.
Neste caso não se pode aplicar a máxima que advoga que má publicidade é melhor que nenhuma publicidade. Má publicidade em saúde é sempre mau!
Daí a importância da regulação do sector!

A maior parte das técnicas utilizadas por nós costumam ser bem tranquilas e bastante bem aceites pelos pacientes. No entanto quando falamos em sangria a coisa muda de figura. Só para esclarecer: não, não estou a falar daquela que era originalmente tinta nem nas suas variações de cor e sabor. Dessa duvido que não haja ninguém que não tenha ouvido falar!

A sangria em MTC por norma retira poucas quantidades de sangue de áreas específicas que façam sentido para cada paciente. Por norma são retiradas algumas gotas até que haja uma alteração na cor do sangue e ele deixe de ser escuro. Estamos no campo dos “achados clínicos”: saber onde procurar o achado e utilizá-lo a nosso favor!
A sangria no ocidente foi bem mais “violenta”! Eram sangradas veias e até mesmo artérias e a quantidade de sangue drenado era muito maior!
Portanto aquilo que ainda permanece na memória colectiva ocidental quando se fala em sangria (não, não estou a falar dessa!) é algo parecido com um massacre.

Percebemos assim porque é que é tão importante sabermos o que estamos a fazer, aprendermos devidamente “novas” técnicas, tentar não misturar diferentes mundos a não ser que sejamos especializados neles, saber quando recomendar, saber quando não tratar, saber reencaminhar... Em suma: ser profissional!

Isto para que não aconteçam coisas como o que se passou com o 1º presidente americano George Washington. Vítima de uma inflamação na garganta, foi sujeito a 4 sangrias ao estilo ocidental... Na 1ª foi retirada meia pint de sangue. Na 4ª foram “só” 32 onças. Estamos a falar de cerca de 237ml na 1ª sangria e 946ml na 4ª (e nem vamos falar nas purgas e outros procedimentos a que foi sujeito). No total acredita-se que lhe tenham sido retiradas 80 onças de sangue, o equivalente a 2366ml ou seja praticamente 40% do volume de sangue de um adulto. O resultado final foi, obviamente, “a morte do artista”.

Boas formações!

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