Retalhos da vida de um especialista de MTC


 Este artigo, pretende apenas, e mais  uma vez, ser uma partilha de vivências com os leitores e inúmeros colegas que acompanham o nosso blog.    Esta profissão é muitas vezes polvilhada de particularidades extraordinárias,  sentir e vivenciar os ganhos que trazemos à qualidade de vida dos nossos pacientes é diariamente estonteante e enriquecedor...mas, não posso deixar de partilhar convosco que é uma profissão que consegue muitas vezes ser solitária. Há dias em que nos sentimos heróis e noutros que nos sentimos assolados por dúvidas.
Há dias que nos surgem pacientes que nos fazem "suar as estopinhas" e que nos obrigam, pela complexidade da patologia ou pela falta de resposta à estratégia terapêutica, a recorrer a todas as 'armas' que possuimos.
Quem já partilhou uma sala de aula comigo, e já me teve como professora, lembrar-se-á com certeza da minha recomendação para aprender, apreender e dominar o maior número de técnicas de acupuntura e de que como isso fará dele(a) um melhor e eficaz especialista na área - "uma mala de ferramentas bem apetrechada permite sempre uma resolução mais eficiente em termos de prática clinica".
Partilho convosco um caso de um paciente, um pós-cirurgico  a uma hérnia (L4-L5),  após a cirurgia surgiu uma neuropatia, dor e sensação de queimadura ao longo da face medial da perna esquerda, com zona de agudização no 1.o dedo do pé...as estratégias e técnicas de tratamento passaram por YNSA, ZSA, Shun Fa, Tung, sistémica e devo confessar-vos que todas surtiram um efeito sofrível com pouquissima redução na dor/sensação de queimação.  Quando falo da solidão desta profissão, ou quando vos falo do assolar de dúvidas é deste tipo de momentos que me refiro. Julgo que será transversal a todos os colegas que perante um quadro destes sentimos o nosso cérebro numa tempestade de sinapses à procura da chave para deslindar o mistério da ausência de resultados. E, por vezes somos bafejados por um lampejo de intuição,  enraizado em muitas horas de estudo e prática dirão muitos, e daquela mala de ferramentas, que se quer sempre cheia para a ela podermos recorrer, ocorreu-me testar o uso de auriculoterapia, com sangria num ponto na raiz inferior do antihelix que acabou por trazer a bonança e devolver o sorriso a este homem. Foram adicionados pontos auriculares nas supra-renais para estimular a produção  corticosteróides no sentido de promover uma evolução mais efetiva.
Queria deixar aqui este testemunho, esta história teve um final feliz para mim e para o paciente que me procurou, mas nem sempre o final é este... e nem sempre acertamos à primeira, as maiores lições
colhemo-las precisamente desses casos.

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